Dorme, doce criança,
Pois enquanto tu descansas
O bicho não vem pegar.
A tal forma na cadeira
Não é só uma toalha,
É um fantasma a te espreitar...
Dorme, doce menino,
Deixa que a luz da lua
Brilhe sobre esta penumbra!
As corujas, quando cantam
Prenunciam desencanto,
E a forma que vislumbras
Passando diante da lua
Não são pássaros voando...
Dorme, pobre menino,
As batidas na janela
Não são galhos que se movem
Balançados pelo vento...
Vou velar pelo teu sono,
Mas não posso proteger-te,
Meu menino, infelizmente...
Dorme, doce menino,
Pois o dia que amanhece
Selará o teu destino...
A claridade é um dolo
Que te afasta do meu colo,
E aumenta o desconsolo...
Jô do Recanto das Letras
Senti-me aquele menino, medos e mais medos, ao final infundados... Não, apaga isto, ana, te peço.
Jô do Recanto das Letras
Estranhamento. É quando achamos que vamos ler algo normal, comum, esperado, e nos deparamos com algo inédito aos nossos sentidos e sensibilidade, e estranhamos mesmo. E damos um pulo mental: "Como?!" - Esse seu poema não é nada convencional, corriqueiro. Ou melhor, é: todavia com as cores do arco-íris da beleza mais profunda, da mais alentada ternura, da surpresa mais inesperada, inconcebível até. Obrigado, Anna.
HLuna
Um doce acalento que dá vontade de solfejar. Delícia. Abrçs.