Um dia, acordei, tomei meu banho e me vesti para começar o dia. Após o café da manhã, tomei o ônibus que me levaria ao centro da cidade, a fim de resolver alguns assuntos pendentes. O dia estava escuro, frio e cinzento. Primeiro assunto a resolver: uma consulta médica, cujo resultado não saiu como eu esperava. Uma dessas coisas que só acontecem com os outros, até que acontecem com a gente. Fui re-encaminhada ao laboratório para um exame de emergência, cujo resultado eu deveria esperar e levar ao médico imediatamente. Foi quando cheguei à janela, e vi que o dia tinha clareado, e o céu azul pairava sobre a cidade. Imaginei que, dependendo do resultado que eu aguardava, aquela paisagem poderia ser uma das últimas que eu veria. Um frio percorreu minha espinha, não pela possibilidade de enfrentar a morte, mas pela possível necessidade de enfrentar um tratamento longo e doloroso. Havia um espelho na parede da sala de espera, e quando me fitei, não reconheci a pessoa estranha que me olhava de volta. Felizmente, o resultado mostrou-se menos perigoso do que eu temia, e ao sair do consultório médico, olhei-me novamente no espelho e deparei, aliviada, novamente comigo mesma. Percebi, mais uma vez, que a vida é uma caixinha de surpresas, e a maior delas, pode ser a gente mesmo!