Minha mãe foi quem me alfabetizou. Comprava cartilhas, e pegando minha mão, ensinava-me a desenhar as letras, formando as primeiras sílabas, até que saíram as primeiras palavras. Lembro-me de quando ela ensinou-me os acentos gráficos: 'Til: o laço da mamãe; Acento agudo: o grampo da vovó; Acento circunflexo: o chapéu do vovô." Quando terminava uma cartilha, ela logo comprava outra. Ah, e os livrinhos para colorir! Como eu adorava ficar sentada à mesa da cozinha, enquanto ela preparava as refeições, só colorindo os desenhos...
Aos cinco anos de idade, eu já sabia ler, escrever e contar, e ainda efetuava algumas operações matemáticas (as"continhas") mais simples. Entrei na primeira série primária, pulando o antigo 'jardim' e o 'pré-primário.'
Desde cedo, eu escrevi diários e mais diários, contando sobre minhas 'aventuras' na escola e com as crianças do bairro. Também inventava mil histórias, e escrevia sobre as minhas bonecas - cada uma, tinha um nome e uma personalidade definida.
Escrevo desde sempre. E mesmo que eu não tivesse leitores, embora eu prefira tê-los, eu escreveria, pois é uma necessidade mais forte do que eu. Independe de minha vontade. Longe das folhas de papel ou dos teclados, sinto-me definhar. E mesmo que eu jamais recebesse um centavo sequer pelos meus escritos, eu continuaria escrevendo.