EU SOU
Eu sou a luz que brilha
Que te ilumina
E que te cega,
Centrada no alto
Da tua treva.
Eu sou o chão que te falta
E o abismo que te acolhe
E que recolhe
Teus passos claudicantes.
Eu sou aquele que te leva
Ao limiar da tua queda
E que te empurra
Quando tu medras.
Eu sou a voz que tu sufocas
E o medo que te derrota,
Eu sou a faca que te corta
E o teu sangue, quando jorra.
Eu sou a dor, na agonia
Da esperança que tu tinhas
E que te deixa
Sentado à beira de uma estrada
Diante do teu nada.
Eu sou o sol no horizonte
Que banha a tua fronte
E que te salva
Da escuridão da tua alma.
Eu sou aquele que te fala
E que declara
Que o amor que tu sustentas
Nem sempre vence.
E quando a dor chegar, te ergas,
Vá à janela
E grite alto, muito alto,
Quando a esperança estiver morta,
Pois é tolice tentar ser
Demasiadamente forte,
Conter o grito que te nasce
Depois do corte.