Ah, margem da minha vida!
Minhas águas vão passando,
Expostas ficam as coisas
Que se prendem nas ramagens
Dessas minhas pobres margens
Quando baixa a correnteza!
Ah, margem de minha tristeza!
Mas também as alegrias
Deixam sempre seus pedaços,
Fios coloridos, traços
Nessa margem que me guia!
Ah, margem do meu regaço,
Onde perdem-se os abraços,
E os ecos de mil passos
Que não voltam nunca mais
Ressoam na minha alma!
Ah, margem de águas calmas,
Onde eu me sento, calada,
Assistindo, enquanto passa,
Minha vida, afogada
Na corrente dessas águas!