Triste, a posição de quem, da sacada de um amigo, assiste ao por do sol, em lindas cores, e diz: "Seria melhor da minha sacada!" Mais triste, quando alguém não consegue alegrar-se perante a alegria de seu amigo, e sente, dentro de si, um azedume que lhe causa uma dor fininha na boca do estômago, e sem que ele perceba, os olhos perdem o brilho e os lábios vão tomando, pouco a pouco, uma posição de esgar.
Triste, quem se senta à nossa mesa, e não consegue partilhar de uma refeição com amor, e ao ir embora, ainda carrega a impressão de que ele mesmo teria sido um anfitrião melhor! E mesmo sendo bem recebido, não tem uma palavra sequer de agradecimento ao seu anfitrião; pelo contrário: reclama da recepção.
Triste quem, diante da realização de alguém, tem apenas palavras que diminuem, tentando provar que esta realização é pequena, é menor que a sua, é menos importante...
A beleza da vida não está apenas no nosso próprio quintal, e existem alegrias do outro lado esperando para serem merecidamente partilhadas! Existe alguém que gostaria de receber um simples elogio, uma palavra amiga de incentivo, um sorriso sincero, de alguém que é capaz de enxergar além do próprio umbigo.
É triste, muito triste, quando alguém supõe que todos os aplausos e homenagens deste mundo só podem ser em sua honra, e que se irrita toda vez que um outro os recebe. E não consegue sentir nada que esteja além dele mesmo, não consegue interessar-se por ninguém, a não ser, ele mesmo...
Triste, quando alguém não consegue deixar o palco por alguns instantes, quando chega a vez do outro brilhar e receber os aplausos, e que nem sequer cogita a possibilidade de colocar-se entre os que estão na platéia e aplaudir junto com eles. Triste, ter diante de si apenas um espelho que reflete sempre a própria imagem, e nada mais.