Ele caminhava pela estrada sem paisagens. No céu azul, um sol árido e inclemente fustigava-lhe os passos. As cores eram apenas duas: areia sob e azul sobre. Ah, e o negro da faixa de asfalto por onde caminhava.
Nenhuma brisa soprava para refrescar sua ansiedade. Carregava nos ombros um enorme fardo. Às vezes, ouvia vozes de incentivo, mas sabia que aquelas vozes vinham de outras estradas, e que não podiam caminhar junto com ele. Estava só.
Quando já não aguentava mais, parava por alguns instantes, apenas, para descansar. Depunha seu fardo, sentava-se à beira da estrada e chorava... mas logo sabia que precisava continuar, recomeçar. Pelo menos, era isso o que as vozes lhe diziam, jamais permitindo que ele desistisse.
Andou, andou... dias, meses, anos?... ele já tinha perdido a conta.
Mas um belo dia, a paisagem começou a mudar, pouco a pouco. Uma nova cor foi-lhe acrescentada, pelas miúdas e tímidas flores amarelas que começaram a brotar na beira do caminho. Mais alguns dias, e uma grama verdinha começou a cobrir o chão. Arbustos apareceram. Flores roxas, vermelhas, azuis, brancas, todas as flores de todas as cores começaram a brotar na beira da estrada. Árvores brotavam, crescendo sobre sua cabeça, formando assim uma sombra fresca e ampla contra o sol, que de inclemente, passou a apenas aquecer-lhe.
Um ruído de água corrente? Cigarras cantavam...
E foi assim que ele chegou ao outro lado, terminando sua árida viagem: rodeado pelas cores da paisagem, flores, centenas delas, árvores frondosas e cheias de frutos, pássaros de várias cores e diferentes cantos, nascentes de água cristalina, rios que corriam alegremente, mares azuis e profundos, e um alegre canto de cigarras, anunciando o verão.
E lá, bem no final da estrada, havia um oásis onde ele descansou durante muito tempo, tendo como companhia todos aqueles a quem ele amava.