Dói, ler em teus olhos a estória triste
De uma alma em fogo a se consumir.
Vejo em tua pele impressos os estigmas
De alucinações de noites sem dormir.
Tento adivinhar um pouco de tua estória,
Entre os borrões negros sobre tuas folhas;
São tão dolorosas as tuas escolhas,
Tuas tentativas, todas tão inglórias!
Essa capa dura, rebordada a ouro,
Mantém protegida tua frágil estrutura.
És a minha vida, meu maior tesouro,
Nem sequer suspeitas o quanto eu sou tua.
Sou a estante firme sobre a qual te aninhas,
E a leitora ávida, a que interpreta
Tua caligrafia, sempre tão incerta...
Só eu posso ler nas tuas entrelinhas!
Dizes que sou forte, teu porto seguro,
Vês em mim a luz desse teu túnel obscuro...
Não sabes que eu mesma também sinto medo,
Depende do teu, esse meu pobre enrêdo!