Caminha a menina pela trilha assombreada Em meio a silenciosa floresta cheia de vida Quando, no meio do caminho, ela tropeça Em alguma coisa que parece um caco, Semi-enterrada...
Ele interrompe a caminhada, E, abaixa-se para ver melhor: Vislumbra uma coisa branca de cerâmica E passa a desenterrá-la cuidadosamente Com uma pedra pontiaguda que encontra:
É um antigo cântaro. Ela o leva até o riacho Lavando a lama que o encobre Até que percebe um brilho de raio de sol Sobre a sua superfície branca.
Ela logo por ele se encanta, Levando o rosto junto à abertura, Produzindo um som disforme com a voz: "Hoooooooo!" "Hoooooo!" , Responde o eco. Ela sorri, pensando ser uma fada a responder-lhe.
Agora, de volta à casa, Carrega junto ao peito o branco achado. Pensa em colher flores para orná-lo, E junto à sua escrivaninha colocá-lo. Pensa que as pessoas, ao vê-lo, Hão de admirá-lo; Afinal, é um cântaro que canta!
Assim, ela o faz; lava-o bem, Enchendo-o com água pura e fresca, Botões de lírios e pequenas violetas.
Mas logo chega alguém do mundo adulto, E ao contemplar o cântaro, abismado, Demonstra seu escândalo, e resoluto, Apanha-o de sobre o móvel, bradando: "De onde veio isto, ò menina?"
Ao mesmo tempo, apanha-o sem cuidado Derrama a água e as flores pelo chão A criança, com os olhos rasos d'água, nada entende, Mas o adulto explica, paciente:
"Ainda bem que o vi, tivestes sorte! Pois a urna que tomaste como um cântaro, Um vaso para as flores,nada mais é Do que uma urna funerária, e traz má sorte!"
Foi desde então, a partir daquele instante, Que ela aprendeu a temer a morte.