Dizem que longe, na lua
Moram juntos, já faz tempo,
Um santo e um dragão.
Ambos olham cá para baixo,
E quando o dragão cospe fogo,
O santo vem apagar.
Acho que ambos chegaram
A um acordo interessante
Que jamais há de falhar:
Enquanto um deles destrói,
O outro vem consertar;
Assim, não existe tédio
Nem por aqui, nem por lá...
(Se vocês olharem bem,
Hão de ver os dois sentados
Na beiradinha da lua
A cantarolar um réquiem
Um ao outro abraçados,
Bebendo de uma garrafa
De um doze anos importado;
Em volta, estrelas caídas
Por cima, um céu reluzente
Por baixo, um rio de vidas,
Onde atiram, displicentes,
Muitas guimbas de cigarros...)