Somos todos grãos, de diferentes espécies. Somos jogados aqui neste solo para que possamos brotar, crescer e quem sabe, gerar outros grãos. Mas o destino de todo grão é ser transformado, seja em semente ou em alimento.
Os que não tem sorte, serão moídos no moinho da vida. Mas a alma destes será branca e fina, tal qual a farinha da melhor qualidade. Porque se não for assim, não existe nenhum propósito para a vida, e sem nenhum propósito, melhor jogar-se da primeira ponte.
Cada coisa que fazemos deverá ter um nome. Seja ele 'alegria,' 'diversão,' 'aprendizado,' 'crescimento,' 'dor.' Tudo o que fazemos deve ter uma razão para ser feito, nem que esta razão seja o caos. Pois se não houver uma razão, melhor ingerir veneno.
A folha solta ao vento cumpriu seu propósito como folha, e agora, transforma-se em folha seca no chão, até adubar a árvore de onde ela caiu. Porque se a folha seca não tiver nenhum propósito, e não soltar-se ao vento quando chegar a hora, e não adubar o solo ou enfeitar as tardes de outono, melhor que a árvore seja totalmente queimada.
Passamos todos por esta vida, que é vento, folha ao solo, árvore, flor, semente, grão. Vivemos um momento cujo propósito realmente desconhecemos, mas o propósito de cada um de nós formará o resultado final, pois intercedemos nas vidas uns dos outros. Pois somos sementes, grãos, folhas, flores e árvores que brotam no mesmo solo.
Quem semeou? Esta é uma pergunta grande demais.
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O Mundo é um Moinho
Ainda é cedo, amor Mal começastes a conhecer a vida Já anuncias a hora de partida Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção, querida Embora eu saiba que estás resolvida Em cada esquina cai um pouco tua vida Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor Preste atenção o mundo é um moinho Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida De cada amor tu herdarás só o cinismo Quando notares estás a beira do abismo Abismo que cavaste com teus pés