A porta ficou aberta. Através desta porta, enxerga-se a mesma paisagem, imutável, marcada apenas pela passagem das estações.
Alguém passou por ali. Saiu e deixou suas pegadas. Por algum motivo, manteve a porta aberta atrás de si. Talvez por medo... ou covardia? pois agarrar-se ao passado é deixar uma porta sempre aberta, cuja visão nos impede de seguir em frente, pois a todo momento, aquela passagem nos obriga a olhar para trás. O pescoço se curva involuntariamente, e o medo de seguir em frente paralisa.
Súbito, alguém do lado de dentro, olha para fora. Indaga a si mesmo o porquê de uma outra pessoa ter ido embora e deixado a porta aberta. Senta-se; medita sobre aquilo. Cansa-se de ver sempre a mesma paisagem. Levanta-se.
Caminha até a porta, fechando-a.
E aquele que ficou do lado de fora sente-se livre, de repente.
E aquele que ficou do lado de dentro, lava suas mãos.