Pega o poema que te chama E deita-o na folha, antes que fuja... Daqui a pouco, será tarde, E esta chama que agora arde Querendo ser fogueira, Será fumaça...
Um poema passa, Mas não há de ficar para sempre Exigindo ser escrito... Um poema é uma chance, E mesmo que seja grito, Uma hora, ele se cala!
Pega, então, e sem demora, Este pensamento arredio, Este verso fugidio, Efêmero e leve, que surge! Pois o tempo urge, E apaga o sentimento Que é deixado lá fora...
Não aborte esta canção Que alguém sopra em teus ouvidos! Pois fostes escolhido Para dar-lhe à luz! Senta-te, e com reverência, Escreve mais este poema, E solenemente, agradeça!