Diante de tantos acontecimentos nefastos no mundo, eu covarde e inutilmente me lembro de que as tragédias não são privilégios meus. Existem momentos em que coisas ruins acontecem para todos, e embora a tragédia alheia em nada diminua a dor das nossas próprias tragédias, ela aparece como uma maneira de relembrar-nos de que não somos vítimas dos acontecimentos, e nem fomos 'escolhidos' para sofrer.
Todo mundo morre. Todo mundo sofre. E nada há que se possa fazer para evitar.
Mas a dor maior, é a dor da não-aceitação dos fatos; quando tentamos bater pé, fincar estacas no que já foi/está indo. Nada dói mais do que o orgulho ferido, ao admitirmos que nem todas as nossas preces serão ouvidas, e nem todos os nossos sonhos e vontades serão alcançados. Dá aquela absurda sensação de que estão nos querendo tomar alguma coisa, roubar-nos a alegria. Nem percebemos que a alegria é algo que se tem por dentro ou não, e quem a tem - embora ela possa estar adormecida devido às circunstâncias - a terá de volta, pois ela não morre; apenas adormece. E quem não a tem, não aprendeu a cultivá-la, jamais a terá, mesmo que tenha uma varinha mágica que lhe satisfaça todos os desejos.
Olho em volta e vejo a beleza das coisas que me cercam. Penso no quanto nos empenhamos para estarmos exatamente aqui, desfrutando de toda esta beleza. Nem nos demos conta de que as coisas vem e vão. Pessoas não podem ficar para sempre. A juventude não fica para sempre, a vida muda.
Ser feliz é participar dessas mudanças, sem resistir a elas. Abraçamos e deixamos ir. E sempre há algo novo chegando.