Madrugada
A noite foi escura,
Longa e fria,
E os fantasmas arrastavam
As saias brancas e úmidas
Pelas gotas de neblina...
Branca, branca paisagem,
Translúcida de incerteza
Da bruma que a tudo cobria!...
Os sonhos que eu sonhara
Acordaram melancólicos,
Com saudades de outro mundo...
Ainda, nos meus ouvidos,
Alguns ecos que sumiam,
E nas linhas de minha mão
As marcas de um destino
Que eu nunca saberei
Se foi totalmente cumprido...
Comprida noite,
Onde o sonho vacilou
Entre a insônia e a magia!
Em uma árvore, pousada,
Uma coruja aguardava
O começo de outro dia,
E o nascer de uma outra noite
Quando, outra vez, cantaria!
A madrugada arrastava-se,
Tão fria, tão fria!...
*