Quero livrar-me de toda a pressa,
Toda urgência,
Toda hora marcada,
Toda pura aparência.
Quero perder-me em horas vagabundas,
A olhar as flores,
Os passarinhos,
A chuva.
E se um dia arrepender-me de repente
(Pois decerto, alguém dirá que me perdi)
Eu só pretendo ir em frente,
Com a branda incerteza de quem ri
Daquilo que nem sequer compreende...
Quero poder ser inocente
Diante de todas as maldades,
(Bem, para isto, talvez seja tarde...)
Mas tentarei, eu juro,
Refugiar-me em mim mesma
Quando , do escuro,
Vierem , para mim, as setas!
Quero alimentar-me docemente,
E bem tranquilamente
Das tetas da vida,
Sugando o que me for oferecido,
O leite doce, o leite amargo,
Com o mesmo prazer,
E sem enfado.
Quero livrar-me,
Livrar-me de qualquer amarra,
Qualquer cadeado ou palavra
Que tente, novamente,
Limitar-me!