Esquecer?...
Enquanto existir aquela música,
Imagens chegando em minha cabeça,
Esqueça...
Jamais esquecerei!
E mesmo que eu deixe guardadas
Sob sete chaves, memórias rasgadas,
Elas existirão.
E uma imagem, ao sol,
Esta, há de ficar para sempre...
Uma gargalhada (de alegria ou desespero?)...
Um olhar único, que sabia estar a despedir-se,
Olhar este que pousava sobre as coisas
Tentando agarrar-se a elas,
Querendo ficar!
A ânsia de uma vida que restava
Diante de uma incógnita estrada...
Um olho, apenas, que olhava,
No final, sem nada ver,
Já longe, muito longe,
De tudo aquilo que desejou ser!
Como esquecer?
Havia gotas de meu sangue no teu,
Ecos de teu riso no meu,
Mas havia também uma cruz em teu nome
Que ninguém poderia ajudar-te a carregar.
Estavas marcado para não ficar,
Mas como deixá-lo ir, simplesmente?
Os dias rolam, uns sobre os outros,
As horas formam pilhas tão altas,
Que as perco de vista.
Mas sempre existirá aquela música,
Aquela gargalhada, aquela voz,
Marcas daquele destino injusto
E atroz.