Ele aparenta mais de oitenta anos de idade, e possui um pequeno café aqui na minha cidade. Às vezes, passamos por lá - principalmente aos finais de semana - e paramos para curtir alguns minutos de paz em seu café. Ele é conversador, possui uma alma fina e carismática e adora servir. Infelizmente, o shopping onde o café se localiza, não vai muito bem... a maioria das lojinhas já fecharam. Dizem que é por má administração, mas na verdade, acho que outros fatores também influem: quem vem até Petrópolis nos finais de semana, não vem para comprar, e sim para comer, passear e relaxar. Acho que ele e seu pequeno negócio ainda sobrevivem exatamente por causa disto: é possível comer e relaxar ali. Mas apesar de tudo, percebo que ele está ali por um outro motivo, muito além do lucro: fazer o que gosta e ser feliz. Existem prazeres na vida que o dinheiro não pode comprar. E é por eles que ele mantém seu café aberto: os bolos deliciosos, os muitos chás importados - cujas histórias ele faz questão de contar - os cafés preparados artesanalmente, sem o uso de máquinas, os pequenos chocolates... e as conversas. Descobri que é assim que eu quero viver: por gostar. Fazer aquilo que me dá prazer, com ou sem reconhecimento. Se ele vier, melhor; se não vier, o prazer de fazer o que gosto já será a minha recompensa.