Com olhos faiscantes,
Arredondava os lábios,
Colando a língua ao céu
De uma boca tempestuosa,
Enquanto dizia
Palavras em polvorosa;
A voz proferia a mesma frase,
Sempre:
"O MAL!!!"
E assim passavam-se os dias,
Sempre de olho nos cantos escuros,
Sempre procurando
O ponto negro
No meio de cada facho iluminado...
E se o vento soprasse, uivando,
Ou uma porta batesse, se fechando,
Uma flor caísse, morrendo,
Os lábios rachados
Iam logo dizendo:
"O MAL!!!"
E nem mesmo se o sol brilhasse,
Se a chuva caísse, lavando tudo,
Se um passarinho, inocente, cantasse,
Veria qualquer outra coisa no mundo,
A não ser o que sempre via,
A não ser o que trazia
Dentro do coração fechado
Que os dedos frios do vento
Tapando os buracos de uma flauta surreal
Faziam soar:
"O MAL!!!"
Morria de medo, morria,
Tinha tanto medo de escuro,
Que nele se escondia
Para que ele não notasse,
Para que seu pesadelo
Jamais terminasse,
Pois no fundo, gostava de estar
Naquele negrume abissal,
Aonde só divisava
"O MAL!!! O MAL!!! O MAL!!!"
Grata, Angélica Gouvea!
O BEM
A bria a janela
N ela via
N ascer
A esperança
B rilhando la fora o sol
A ssim afastava o mal
I luminando com seu brilho
L embrava o perfume das flores
U ngia o dia com muitas cores
N utria o bem dentro de si
E o amor expandia em em fim.