Noite de lua. Uma mulher caminha pela moderna cozinha do seu chalé iluminado pela luz das muitas velas acesas. Mexe com suas ervas, que escolhe e despedaça com as próprias mãos dentro de uma grande panela negra de ágata em formato de caldeirão, que trouxera de sua última viagem à Paris. Totalmente fashion!
Ela caminha - ou melhor, desliza pelo chão, com seu olhar elegante preso atentamente às ervas que escolhe. Sente-se muito à vontade dentro do seu vestidinho preto com saia longa de bailarina, decote em 'V' profundo, os negros cabelos presos em um coque no alto da cabeça - penteado que lhe empresta um ar elegante e sóbrio. Os olhos verdes como esmeraldas estão emoldurados por longos e grossos cílios, as pálpebras desenhadas com delineador preto. Sinal de mistério.
De repente, ela escancara a porta do chalé, e despindo-se das suas sandálias couture Jimmy Choo e soltando os longos cabelos, que despencam em ondas pelas suas costas, ela sai descalça pela noite. Carrega consigo uma garrafinha contendo a sua poderosa poção. Dirige-se a um bosque ali perto, onde, com a ajuda dos poderes da lua, lançará o seu feitiço.
E a lua está especialmente grande e brilhante, pois é noite de lua azul. Ela murmura palavras ininteligíveis enquanto, olhando para a lua e erguendo em sua direção a garrafinha contendo a poção mágica, sente-se entrando lentamente, em um transe sensual. Permanece naquela posição durante alguns minutos, e depois, abrindo a tampa da garrafa, despeja metade do conteúdo sobre ela mesma, e a outra metade, após um bom gole, derrama no chão.
Vagarosamente, ela caminha de volta para o seu chalé. É tarde da noite, e há poucas pessoas caminhando pela calçada, mas os que passam por ela, ao perceberem seu olhar injetado, os braços retos ao longo do corpo, os pés descalços e o estranho perfume que dela emana, afastam-se dela por medo, e por fascínio, não conseguem deixar de olhar para trás quando ela passa.
Ela entra em casa, fechando a porta atrás de si, e desenhando sobre ela uma estrela de cinco pontas - o pentagrama - a fim de selar a entrada às almas das trevas que possam tê-la seguido.
Do outro lado da cidade, um homem acorda de um sono agitado e estranho, com uma linda e misteriosa mulher que andava descalça por uma floresta. Está ofegante e suado, e ao levantar-se da cama, percebe que há alguma coisa estranha no quarto que o impede de voltar a dormir; uma presença que ele não consegue ver ou explicar. A esposa pergunta se ele está se sentindo bem, e ele responde que acabara de ter um sonho muito estranho e perturbador. Mas antes que pudesse começar a contá-lo, percebe que, na mesma hora, a mulher volta a cair no sono.
Ele se levanta e vai até a cozinha buscar um pouco de água, e no caminho, de repente começa a pensar em sua nova colega de trabalho - uma loira fascinante. Estranhou a maneira como o fascínio daquela moça só tinha sido percebido por ele naquele exato momento, durante o qual ele caminhava até a cozinha. Antes, nem sequer a notara direito. Enquanto bebe sua água, começa a ter fantasias a respeito dela.
Da sua cama, a bruxa sente as vibrações de seu feitiço sendo realizado. Vira-se de lado, fechando os olhos. Sua cliente ficaria satisfeita.