Noite de sexta feira, por volta das oito horas. Começamos a notar um certo movimento em volta da piscina do vizinho. Gente jovem chegando, arranjos, testes de som. Pensei comigo mesma: "Ai, ai..."
Noite de sexta feira, mais ou menos dez horas da noite: soa o primeiro acorde techno: Um 'tum, tum, tum' repetitivo e interminável. Vozes exaltadas, gritos de "huh-huh!"
Meu marido comenta: "É hoje..." Impossível assistir TV, a não ser que escolhamos um filme legendado. Meu marido pensa em reclamar, mas eu o faço recordar-se de sua própria juventude (pelo que me contaram, ele não era mole...), e nós dois começamos a recordar fatos dos nossos tempos de bagunça. É, nós não éramos nem um pouco bonzinhos!
Madrugada de sexta feira - três e trinta da manhã. Soa o último acorde de tcha-tcha-tchun (a festa rave virou funk). Finalmente, sinto-me entrar lentamente no mundo de Morfeu, aos primeiros acordes do galo da vizinha. Apenas duas horas depois levanto-me da cama às cinco e quarenta, a fim de preparar-me para receber meu aluno das sete da manhã. Vou até o meio-dia e meio, com aquela sensação de ressaca - só que eu não bebi.
Noite de sábado da mesma semana: tudo de novo! Mais uma vez, concluímos que não desejamos ficar conhecidos como "O casal chato da casa terracota." Nos lembramos novamente do nosso tempo de juventude, das festinhas que organizávamos, etc, etc...
Após as três da manhã, deixo que minhas pupilas se ponham como sóis cansados por trás de minhas olheiras. Nem sei a que horas a festa terminou. Simplesmente apaguei!
Tarde de domingo. Adolescentes descabelados aproximam-se da piscina. Ainda tem forças para os seus 'Hu-hus". Eu e meu marido nos entreolhamos, e concluo: "Liga não que é carma!" E em seguida, acrescento:
"Chata ou não-chata, carma ou não-carma, se houver festa esta noite, eu vou lá para cima para a varanda, munida de ovos e tomates."