Hoje em dia, fala-se muito de liberdade. Todo mundo quer ser livre para ir e vir, escrever, agir. Acho tudo isso ótimo. Sou uma das primeiras a gritar quando sinto que a minha liberdade está sendo vigiada ou tolhida.
Mas acho também que existe muita coisa por aí que as pessoas confundem com liberdade; a liberdade não dá a ninguém o direito de interferir em outras vidas de forma negativa. A liberdade não nos dá o direito de invadir espaços, mas de criar nossos espaços.
Por isso não vejo com bons olhos movimentos como o feminismo. Acho que ele foi baseado no ressentimento que a mulher sempre alimentou contra o fato de os homens de antigamente (e alguns de hoje) serem dominadores e terem o poder de impedi-las de de fazer coisas importantes, como votar, estudar ou trabalhar fora, ou ter salários justos. Daí, a mulher revoltou-se (ainda bem) e começou a tentar ocupar o lugar dos homens (mau...) ao invés de criar o seu proprio espaço.
O movimento foi importante, mas para mim, queimar sutiãs em praça pública não significou nada. As passeatas chamaram a atenção das pessoas para o problema e desencadearam soluções, modificando paradigmas, mas ao mesmo tempo, acho que as feministas foram longe demais e acabaram usando tintas muito fortes na pintura do quadro final.
Lembro-me das feministas dos anos 60 - mulheres masculinizadas e zangadas, que odiavam os homens e não depilavam as axilas ou cuidavam da aparência. Ora, nós, mulheres, não precisamos ser como os homens para termos nossos direitos! Basta assumirmos a nós mesmas e fazer o que é certo; explico:
Quem, em um casal, é mais responsável pela educação dos filhos? As mulheres! Se prestarmos atenção, a maioria dos machistas foram mimados e paparicados por mães dominadoras, que os trataram feito bebês e não os ensinaram a dividir tarefas dentro de uma casa. Fizeram diferença entre os meninos e as meninas, determinando coisas que os meninos não deveriam fazer (diziam: "isto é serviço de mulher!"). Ainda por cima, perseguiram as namoradas e esposas dos filhos, tentando 'defender' seus queridinhos contra... outras mulheres!
Acho que, para que haja espaços mais confortavelmente definidos e respeitados para as mulheres do futuro, é preciso que as mulheres do presente mudem a maneira como elas educam seus meninos. Também seria bom se as mulheres parassem de ver umas às outras como competidoras, e se unissem mais. Vejo que existe muito mais união e respeito entre os homens do que entre nós, mulheres.
Vi uma postagem no Facebook em defesa do aborto. Na fotografia, uma mulher grávida defendia o direito das mulheres sobre o próprio corpo; mas não seria bem mais fácil tomar um anticoncepcional ou adotar um outro método contraceptivo se não quer ter filhos? Eu nunca desejei filhos, e por isso, tomei pílulas a vida toda. Acredito que todas as mulheres tem direitos sobre o próprio corpo; mas a partir do momento que existe mais alguém ali dentro, matar aquela vida não seria uma violação do direito alheio de nascer?
"Acidentes" acontecem; uma pílula pode falhar, uma camisinha pode furar. Mas a chance de que isto aconteça é muito pequena, a não ser que as pessoas considerem a própria vida sexual como um 'acidente' e saiam por aí transando com todo mundo, e para mim, isso sim é um desrespeito ao próprio corpo e uma abdicação voluntária ao direito à saúde e ao autorrespeito. Transar com estranhos sem camisinha nos dias de hoje, é quase uma tentativa de suicídio. Irresponsabilidade total!
E nem é uma questão de moralismo, e sim, de amor próprio: respeitar-se! Não banalizar a vida e os relacionamentos. Não tratar a existência como algo fútil, superficial, casual, sem importância. Não enxergar a saúde e a higiene como algo dispensável e moralista. Não matar a alma através do mau uso que se faz do corpo.
A liberdade não é sair por aí quebrando a cara dos outros - e a própria. Liberdade vem junto com valores como responsabilidade, cultura, educação, respeito e autoconhecimento.