Apenas Mais Uma Morte

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Apenas Mais Uma Morte

O que significa mais uma morte entre tantas, no contexto de um dia que amanhece? Pessoas morrem todos os dias. Sonhos morrem e são enterrados rapidamente antes que alguém se dê conta. Nossos ideais também morrem, deixados à beira de um abismo de medos e incompreensões. Até que um dia morremos e somos esquecidos.

Qual a vantagem de se querer entrar para a história como revolucionário, quando a minha revolução significa abortar sonhos alheios? Será mesmo que os fins justificam os meios? Bem, mas foi apenas menos uma vida entre tantas que se vão estupidamente, todos os dias... mais uma família que chora a perda de alguém que amava, era amado e tinha sonhos. Uma vida que se vai, e as que ficam, tornam-se mais pobres pela ausência dele.

Ele estava apenas no lugar errado na hora errada? Seu tempo foi cumprido? Foi destino?

Não seria um aviso para que se perceba que já se foi longe demais?

Apenas mais uma morte, mas é óbvio que ficamos mais pobres. O país amanhece com a cara da vergonha. As coisas que tem acontecido ultimamente me fazem ter vontade de sumir, e se eu pudesse, eu o faria, pois vivemos em uma guerra civil onde pessoas se degladiam, matam, quebram, destroem, amarram outros a postes, explodem, e ainda assim erguem as cabeças e dizem que "tudo vale a pena, pois temos um ideal. Vamos mudar o país!"

Ora, por favor, eu preferiria do jeito que estava. Ninguém vai resolver o problema da violência e da corrupção sendo violentos e corruptos. A morte de uma pessoa inocente, seja ela quem for, não justifica os fins. O que eu vejo é uma massa totalmente manipulada. Tenho muito medo dos "Grandes Idealistas" que aparecem de vez em quando com discursos de mudar o país e tomar o poder para implantar um novo regime. Tudo o que a dita oposição deseja, é tornar-se situação, e quando isso acontecer, o que teremos? A mesma velha corrupção de sempre.

Acredito nas grandes mudanças que começam dentro das pessoas. Devagar. Elas são um processo lento. Não precisam de gritos e palavras de ordem. Não precisam de assassinatos. O que é preciso para mudar é conscientização; é agir diferente, é lembrar-se de que aquela pessoa que encontramos no ônibus, pela qual passamos nas calçadas, assistimos pela TV, escutamos nas igrejas e templos, é apenas um ser humano. É preciso lembrar-se que como nós, ela tem sonhos, ama e é amada, tem deveres e direitos. Quando os direitos de um são atravessados em nome dos direitos da maioria, o que se pode esperar? Cada um de nós forma esta maioria! Passar por cima de uma vida humana feito um trator justifica alguma coisa, pelo amor de Deus?

Eu não gosto mais de viver em um país onde assassinos manipulados por uma corja que se autodenomina 'revolucionários', mas que no fundo, usam os mesmos métodos corruptos e violentos a fim de atingir seus objetivos, tem à disposição advogados para isentá-los de suas penas. Enquanto isso, destroem ônibus que servem de meio de transporte para que as pessoas cheguem ao trabalho todos os dias, quebram lojas que significam o ganha pão de milhares de outras pessoas, e depredam ruas que são os caminhos por onde passam todos os dias pessoas inocentes. Não veem que as pessoas que eles pretendem atingir permanecem ilesas, enquanto o povo que eles alegam defender pagam a conta?

Será que ninguém percebe que, enquanto trocarmos votos por favores pessoais, enquanto tentarmos subornar pessoas para conseguirmos vantagens, enquanto exercitarmos a corrupção dentro de nós, ela é tudo o que veremos do lado de fora? Acredito que a única forma de mudar o todo, é a mudança pessoal.

Antes, precisamos matar a corrupção que cultivamos dentro de nós, e então poderemos exigir que os nossos políticos sejam honestos, e não será preciso que pessoas inocentes sejam mortas ou prejudicadas em nome de idealistas aproveitadores que manipulam uma massa tão corrupta quanto aqueles a quem eles alegam desejar punir.

Ana Bailune

Enviado por Ana Bailune em 11/02/2014

Alterado em 25/03/2014

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