SENTIDO DA VIDA - CRÔNICA INSPIRADA NO BELO TEXTO "PAUSA", DE ARANA DO CERRADO - E A ELA DEDICADA O que dá sentido à vida?
Podem ser várias coisas.
Para mim, é a roupa lavada e passada, dobrada e cheirosa dentro das gavetas. O bolo fresquinho ainda quente, assado no forno caseiro de uma casa simples, limpa e acolhedora. O chão varridinho no quintal, os passarinhos voando livres, alimentados pelas frutas que eu deixo no comedouro, o vento derrubando novas folhas secas que serão varridas amanhã de manhã.
Para mim, o sentido da vida está em não procurar sentidos ocultos, mas ver tudo através do cotidiano, das coisas mais simples, como um entardecer avermelhado, gotas de chuva batendo no telhado, passarinhos cantando em uma árvore próxima, o sol, o céu... e assim, observando e respirando a vida que podemos enxergar, acabamos por reter compreensões que estavam submersas de sentidos.
Para mim, o sentido da vida está naquela palma do vizinho ao portão, no latido alegre do cachorrinho quando seu dono chega em casa, no gato miando em volta da gente quando trabalhamos na cozinha, no barulhinho que faz a chave girando na fechadura à noitinha - o amado chegando em casa, contando das coisas que aconteceram durante o seu dia no trabalho.
Para mim, o sentido da vida é parar de tirar o pó e ficar com aquela cara de boba, segurando o paninho, quando de repente, toca aquela música que já não escutávamos há tanto tempo, e ela nos traz lágrimas aos olhos, e as recordações vão transbordando no rosto da gente.
O sentido da vida, para mim, está em saber que alguém modificou-se por causa de nosso trabalho; um aluno conseguiu passar em uma entrevista de emprego ou participou de uma vídeo conferência em outro idioma que eu consegui ajudá-lo a aprender. O marido desfrutou de um jantar simples e saudável após um dia cansativo no trabalho. O cachorrinho dorme em seu colchãozinho, de banho tomado e barriguinha cheia. As flores do jardim estão lindas porque lembrei-me de regá-las nesse calorão.