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Pisava em Nuvens
Pisava em nuvens de flocos,
Flutuava sempre acima...
Lá embaixo, um mundo de dores
Que jamais a atingia...
Era pura, branca, limpa,
Lábios rosados de mel;
Não conhecia a agonia,
Nem mesmo o gosto do fel...
Da vida, sempre escolhia
O que de mais puro havia,
Não falava de tristezas,
Nada nunca a afligia!
Tecia em volta de si
Pura seda de alegrias,
Fechava os olhos e ouvidos
Para o que fere os sentidos...
Costurava em sua fronha
Material para os sonhos
Que tecia pela noite;
Sempre belos e risonhos!
Não andava: flutuava,
Jamais pisava os espinhos
Que a vida, às vezes, plantava
Pelos áridos caminhos...
Mas um dia, sempre chega
Aquela nuance mais forte
Um tom de dor, uma perda
Perpetrada pela morte!
De negro tingiu-se-lhe a vida
O sorriso se apagou...
Da sua nuvem, caiu,
E de cinzas se banhou!
Os espinhos penetraram-lhe
A sola branca dos pés
Sangrando sua confiança
Diante daquele revés...
As nuvens passavam longe,
E com ela, não sonhavam...
No chão, chamava por elas,
Mas elas nem lhe acenavam!
Seus sonhos morreram todos
De medo e decepção
Ao saber que a dor atinge
Todo e cada coração...
Aprendeu a ser mais forte,
A sonhar com mais cuidado
E a olhar quem percorria
Os caminhos escarpados.
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 30/03/2014