O bacalhau não deixou-me dormir na noite de sábado para domingo. De vez em quando, acordava tendo-o em meus pensamentos, nadando para lá e para cá nas minhas imagens - que à noite, são sempre mais intensas. No dia seguinte, logo de manhãzinha, teria como tarefa preparar uma bacalhoada para a família, que viria almoçar no domingo de páscoa. Nunca havia feito este prato.
Bem, mas tinha a macarronada da Josie - uma de minhas convidadas - que poderia "salvar a pátria" caso algo desse errado. Detalhe: para ela,
aquela macarronada também seria experimental.
Acordei bem cedo na manhã de domingo, e após reunir todos os ingredientes, comecei a preparar a misteriosa bacalhoada; já tinha imprimido várias receitas pela internet, mas acabei optando pela mais tradicional, as camadas de bacalhau, pimentão, azeitona, batata, tomates e bastante azeite. E fiz uma panela imensa de arroz branco. Calculei mal a quantidade, e quando vi, o arroz transbordava panela afora... até parece que não passei quase trinta anos de minha vida preparando almoços e jantares! Mas não estou acostumada a cozinhar para tanta gente.
Bem, lá pelas dez da manhã, ficou tudo pronto, e achei que tinha acordado cedo demais... daí, preparei uma salada para servir de entrada. E por que não, um bolo de carne? Afinal, meu sobrinho não gosta de bacalhau. Mas ainda sobrou muito tempo, e fiz uma salada de frutas para a sobremesa: "Vai que a sobremesa experimental de chocolate de minha irmã não dê certo..." Para arrematar, acabei cozinhando também uma panela de feijão para a complementar o almoço do meu sobrinho (o feijão ficou lá, intocado, pois quem é que come feijão no almoço de páscoa?).
Resultado: deu tudo certo! O bacalhau ficou muito bom, e todo mundo comeu e repetiu (menos o meu sobrinho, que ficou com o bolo de carne, que todo mundo adorou). O macarrão experimental da Josie também fez o maior sucesso, e a sobremesa de chocolate da minha irmã foi a chave de ouro. Todo mundo comeu de tudo. Uma tarde de orgia gastronômica e pratos que não combinavam entre si, mas que agradavam a todos os gostos. Minha sala de almoço parecia um bufê de restaurante à quilo.
Sobrou o pote inteiro de salada de frutas. Quem come salada de frutas quando se tem sorvete e uma sobremesa cremosa de chocolate? Ai, ai... a salada de frutas vai virar uma vitamina hoje.
A Josie ainda levou macarrão de volta para casa, e minha irmã Dal, um pote de arroz cheinho. Afinal, aqui em casa só tem duas pessoas, e o que faríamos com aquela comida toda? Mas o que importa, é que todo mundo se divertiu, e a Páscoa foi muito boa. Agora, é caminhar e fechar a boca para não recuperar os quilos que arduamente perdi...