Todos sabemos do uso do palavrão na literatura e nas artes cênicas - Rubem Braga e Dercy Gonçalves que o digam. O palavrão está tão incorporado à comunicação e expressão que existem dicionários e tratados sobre seu emprego. O palavrão às vezes dá o tom exato a um discurso, pois quando pessoas educadas o dizem, é porque talvez este seja o único linguajar que seu interlocutor realmente compreenda.
É preciso que haja contexto para o uso do palavrão, pois aqueles que o repetem constantemente, incorporando-o habitualmente ao vocabulário, acabam por chocar seus interlocutores; mas, dito de maneira privada a quem realmente merece escutá-lo, o palavrão pode ser o resumo de muitas palavras inúteis que, não importa o quanto fossem repetidas, jamais seriam realmente escutadas. O palavrão muitas vezes serve para selar conversas com pessoas ignorantes, insistentes e extremamente vaidosas, que só compreendem este tipo de linguajar. Sem contar que um palavrão dito na hora certa alivia a tensão de quem o profere, evitando medidas mais drásticas.
Um bom palavrão pode colocar os pingos nos 'is' , definir fronteiras e estabelecer limites. Se eu digo um palavrão a alguém que me aborrece, será após já ter tentado ignorar e responder educadamente. E nessas horas, digo-o sem o menor arrependimento e sem fazer a menor questão de parecer educada. Nunca me arrependo destes momentos. Procuro viver a minha vida de forma a não precisar arrepender-me de nada que faço ou digo; portanto, se alguma vez refiro-me a alguém utilizando palavrões, é porque a pessoa o fez por merecer. Não tenho vergonha nenhuma das poucas vezes em que utilizei palavrões em meus escritos ou em meus discursos.
O palavrão, dito no momento certo, pode colocar um ponto final a uma discussão sem sentido. Mas nem sempre isto acontece.
Na verdade, vivemos em um mundo livre no qual cada um tem o direito - garantido por lei - de expressar-se como desejar, embora a boa educação ensine que palavrões nem sempre sejam bem vistos quando ditos entre pessoas que não merecem escutá-los; mas, em contexto privado e dito a quem realmente merece, o palavrão pode ser uma maneira de 'baixar a crista' de pessoas petulantes, arrogantes, perseguidoras, maníaco-depressivas e vaidosas.
Quem jamais disse um palavrão, que atire a primeira pedra.