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O Chalezinho
Existe próximo à minha casa, um chalezinho estilo normando, branco de janelas verdes. Fica na beiradinha da rua, perto de um rio. Todas as vezes que passo por ali, fico olhando para ele e lamentando seu abandono. Há ervas crescendo no telhado e teias de aranha enormes na varanda. Alguém deixa uma luz sempre acesa, mas vê-se logo que ninguém se importa realmente com ele, o que é muito triste.
Lembro-me de quando morava gente ali, e as paredes eram sempre caiadas. Desde que mudamos para este bairro, eu olho para aquele chalezinho e sonho com ele. Se pudesse, eu o compraria e reformaria todo. Mandaria trocar o telhado, que está em mau estado, e também o encanamento e parte elétrica. Depois, tentaria deixá-lo o mais próximo possível do que ele é, mantendo o design e as cores originais nas paredes externas , portas e janelas. Dentro da casa, faria cada cômodo de uma cor diferente, em tons pastel rosa, pêssego, verde e azul.
A mobília seria pouca e antiga, e eu colocaria paninhos de croché sobre os mesinhas. Nas camas, colchas de retalhos e mantas de xadrez. Provavelmente, o chão é de tacos de madeira, e eu os manteria, e faria questão de encerá-lo a cada quinze dias; quem entrasse, sentiria logo o cheirinho da cera. A cozinha seria reformada com azulejos antigos estilo português, daqueles azuis e brancos, que eu compraria em algum cemitério de azulejos. No banheiro, eu colocaria azulejos brancos cobrindo metade da parede, e a outra metade, eu pintaria de uma cor forte, talvez laranja.
A gente sempre pensa em mudar-se para um lugar menor e mais fácil de cuidar quando envelhecermos, e para mim, aquele chalezinho seria o ideal. Ah, se eu pudesse...