MORRENDO
Ando morrendo a cada dia,
Aos poucos, voluntariamente.
Ando morrendo de repente,
Sempre que posso, e que consinto.
E a morte não é inimigo,
Traz, cada vez, uma elegia
Intercalada a mil perguntas
Que eu respondo, se consigo.
E se não posso respondê-las,
Deixo-as todas bem guardadas
Naquela caixa amarrotada
Onde descansam os mistérios.
E a minha morte derradeira,
A que há de vir, a verdadeira,
Quem sabe, mostre o hemisfério
Onde se encontram as respostas.