Para mim, existem muitas diferenças entre amar e gostar. Existem pessoas de quem eu gosto, mas as quais eu não amo; existem também pessoas a quem eu amo, mas das quais eu não gosto. Raras são aquelas a quem eu amo e de quem eu gosto ao mesmo tempo.
O amor pode passar por fases; amar não significa amar sempre, o tempo todo. Às vezes eu fico zangada com as pessoas que eu amo, e o amor se esconde por trás da mágoa, mas não dura muito. Sou capaz de ficar furiosa com alguém que eu amo, mas sem deixar de amar.
E por incrível que pareça, mais raras ainda são aquelas sobre as quais eu posso dizer com toda segurança que eu realmente detesto - não confundir com falta de afinidade. Não precisamos ter afinidade com alguém para conviver de forma agradável, respeitando as diferenças e exercendo a boa educação. O não gostar tem sempre (pelo menos para mim) suas raízes em um motivo sólido, alguma coisa que aquela pessoa me fez e que me afetou ou feriu diretamente, e que não tem nada a ver com diferenças de opiniões ou gostos. Convivo em paz com as diferenças de opinião, sejam elas políticas, religiosas ou outras - desde que a pessoa não queira me impor alguma coisa. O que eu não gosto, e que termina por fazer com que eu passe a detestar alguém, é, em primeiro lugar, a hipocrisia. Em segundo lugar, o autoritarismo. E em terceiro,vem a inveja, embora eu saiba que este sentimento é comum a todos os seres humanos, em menor ou maior grau. Mas existe aquela inveja que é insuportável, pois deseja prejudicar ou até mesmo destruir seu alvo.
Nunca deixo de me relacionar com alguém apenas porque tal pessoa é de classe social diferente da minha (mais 'rico' ou mais 'pobre'), mais ou menos culto que eu, ou tem opiniões diferentes das minhas; o que me afasta realmente, são estas três características: a hipocrisia, o autoritarismo e a inveja exacerbada.