EXPRESSÃO DA MINHA ALMA
Tudo aqui é sobre mim.
Textos
Este texto é do meu blog "A Casa & a Alma." Foi escrito em 15 de julho de 2014, e decidi publicá-lo aqui porque alguém postou um comentário muito lindo sob o texto recentemente, mais de um ano depois de eu tê-lo publicado. Vou colocá-lo aqui, juntamente com o comentário. Meu blog não tem milhares de acessos, mas mesmo assim, eu adoro publicar nele, porque eu amo casas, as energias, as cores e perfumes, os animais e as plantas, as paisagens à janela, os relógios marcando as horas, os armários perfumados, enfim, adoro tudo o que diz respeito às casas. 

E quando, de repente, alguém deixa um comentário assim em um texto que eu escrevi, eu fico feliz, pois aquilo que eu pensei e expressei fez diferença na vida de alguém. Para mim, esta é a importância de escrever, e a maior recompensa para quem escreve. Eis o texto:





Quando as Coisas se Quebram
 
 
 
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Quando eu me casei, há vinte e quatro anos, ganhei de presente do meu sogro um abajur que, apesar de não ser peça de designer, eu muito gostava. Era encontrado em lojas populares, e tinha lâminas de vidro na cúpula com desenhos delicados de flores. Mas o que eu mais gostava nele, era a praticidade: bastava que eu o tocasse, e ele acendia. Quando tocado pela segunda vez, a intensidade da luz aumentava, e uma terceira vez, a luz ficava bem forte. 
 
Eu o mantinha em minha mesa de cabeceira, desfrutando de sua praticidade durante a noite quando precisava levantar-me para usar o banheiro. Certo dia, ao varrer o chão, sem querer derrubei-o com o cabo da vassoura, fazendo com que fosse ao chão e se espatifasse em vários pedaços pequenos (era todo feito de vidro). Não sei porque, tive uma reação que eu nunca tivera antes em relação a um objeto: chorei muito de frustração por tê-lo quebrado.
 
Chorei tanto, que meu marido ficou preocupado, trazendo-me um copo de água com açúcar para eu me acalmar. Até hoje, não compreendi o porquê daquela reação exagerada a um objeto que não era caro ou difícil de encontrar; mesmo assim, não comprei outro igual.
 
Ontem, ao usar o forno de microondas, coloquei o alimento a ser aquecido em um prato de louça azul que eu adorava, e que já tinha usado no forno várias vezes. Mas ontem, enquanto o forno estava ligado, ouvi um forte ruído, e ao abri-lo, deparei com o prato rachado ao meio... Não sei o motivo, mas imediatamente lembrei-me do abajur que quebrei há tantos anos...
 
E cheguei a algumas conclusões:
 
Acho que, naquela época, minha vida andava tão conturbada, que eu só precisava de um pequeno motivo para chorar. Tantas coisas estavam rachadas, que a quebra do objeto representou a quebra de muitas outras coisas - mais tarde, realmente aconteceu. Mas ontem, o prato rachado deu-me uma sensação diferente: senti que era como se a vida, através daquele objeto, estivesse me dizendo que estava na hora de recomeçar: jogar fora os cacos e renovar-me. Renovar minha casa e a maneira como tenho interagido com ela. Abrir portas e janelas, queimar incensos, chamar os anjos para que eles entrem e levem com eles os fantasmas que cismo em manter aqui.
 
Compreendi imediatamente a mensagem enquanto jogava fora as duas metades daquele prato azul.
 
Quando um objeto se quebra - dizem - é porque algo precisa ir embora: um pensamento ruim, uma má energia, um hábito que está nos prejudicando. No meu caso, sei exatamente do que se trata...




Agora, o comentário:


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Ibra Estôpa8 de outubro de 2015 12:12
(acesse o lik acima para conhecer o blog)

"Eu nunca tive um abajur, mas digamos que meu abajur também se quebrou. Fiquei tão emocionado com meu objeto quebrado que me estranhei, nunca fui muito apegado a objetos ou a bens materiais, chorei como um bebê, como há muito eu não chorava, senti uma dor esquisita, uma sensação ruim. Resolvi então buscar na internet algo a respeito do que eu sentia, encontrei seu texto, enquanto o lia as lágrimas rolavam, quando terminei a leitura alguns segundos depois as lágrimas secaram, suas palavras me consolaram e abriram minha mente para ver o que eu tanto queria esconder de mim mesmo, não dá para negar nossos sentimentos, devemos ser sinceros com nós mesmos. A sua experiência de vida me ajudou muito hoje, tive muita empatia com essa história, só tenho a lhe agradecer. Gratidão!"



-Ora, Ibra, sou eu quem devo agradecer-lhe, profundamente.



Do meu marido, com quem convivo há 31 anos, e com quem sou casada há 25, um outro comentário que também merece destaque, pois vem de alguém que eu amo demais e que eu sei que também me ama muito:

 
Abrahão [não autenticado]
Compartilho com você os bons momentos e também quando os abajures e pratos se quebram.Sei exatamente o que significou para você esta ruptura, pois o que te atinge reflete em mim.Sinto orgulho de ter uma esposa tão talentosa e acho muito bom que seus textos possam,de alguma forma,ajudar pessoas a refletirem e principalmente identificarem que "quando as coisas quebram",pode ser o inicio de algo melhor. Beijos do Marido Abrahão




E um convite: conheçam meu novo blog, todo em inglês. para quem aprecia poesia e crônicas, e precisa dar uma 'desenferrujada' no inglês.


http://anawindown.blogspot.com

 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 15/10/2015
Alterado em 17/10/2015
Comentários
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