Textos
Gostaria de esclarecer que escrevi este poema baseado em um personagem de um livro que estou lendo (cuja resenha pretendo publicar aqui), e que as agruras do eu-lírico nada tem a ver com a minha vida real - pelo menos, não neste momento.
Um AndarilhoEu vago pelo mundo
Sem ter um mundo.
Procuro, em outros olhos,
A minha substância,
Mas eles não me veem,
Apenas me assistem.Eu morro esmagado
No encontro das palmas,
Em busca do que me falta,
No calor dos aplausos.Fabrico sonhos mortos,
Divirto a multidão;
Sou fruto dos anseios
Que eu mesmo crio
Ao subir no picadeiro
Deste imenso circo.Eu sou um caminhante,
Palhaço, o rosto borrado
Pelas lágrimas que eu disfarço,
Errado, perdido, errante...A falácia que eu propago
Poderia ser honrosa
-Não fosse pelo embargo
Da minha própria palavra.Ah, estive sempre tão próximo
Daquilo que eu mais combato,
E a distância que nos separa
Está ao alcance de um braço!Do alto da montanha,
Contemplo um vasto campo
Vazio de sentidos,
Meu rosto decaído,
Onde meus monstros estão
Tristonhos e perdidos,
Lá, onde eu escondo
A minha solidão.
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 26/12/2015