Eu sou uma analfabeta política, como a maioria das pessoas no mundo. Não entendo de política, não tenho conhecimento para discutir este assunto, o que admito. Nem sei quantos partidos políticos existem no país. Não conheço todos os deputados e senadores pelos seus nomes. Porém, eu tenho olhos para ver, e não sou cega. Basta olhar em volta e prestar um pouquinho de atenção para compreender o que se passa hoje em dia neste país. Se entender de política fosse uma condição para que o país progredisse, então por que aqueles que mais entendem dela e a aplicam durante todas as suas vidas– os políticos e os que se dizem militantes políticos – tem causado tanto sofrimento à maioria das pessoas?
O ódio dominou o campo do bom senso. Pessoas se alfinetam, se agridem e tornam-se inimigas em nome de ideologias que parecem lindas e perfeitas no papel, mas que na realidade, a história as tem provado como inconsistentes. Criticam aqueles que, pela sua religião, contribuem para suas igrejas através de cotas; no entanto, pregam o comunismo, que nada mais é do que a usurpação dos bens daqueles que produzem para que sejam distribuídos igualitariamente entre os que nada produzem.
Chamam de fascistas, egoístas, golpistas e analfabetos políticos a todos aqueles que não concordam com suas ideias. Demonstram, a todo tempo e a cada declaração, sua inveja das pessoas que são consideradas ‘ricas’ ou pertencentes à ‘elite.’ Fomentam a divisão do povo e o ódio entre classes, enquanto se fazem de vítimas da sociedade. Nem sequer se dão conta da riqueza e da ostentação na qual vivem os seus líderes: aviões com torneiras de ouro, propriedades luxuosas, viagens de férias com a família pagas pelo povo, propagandas políticas financiadas por grandes empresas, sítios, carrões, jet-skis, mensalões, propinas e falcatruas. O partido tornou-se um deus, ou uma religião que eles veneram e defendem com as próprias vidas, não importa qual seja a sua ‘justiça’ – a justiça dos deuses nunca falha. São chamados de ‘peões’ de forma pejorativa por quem os considera soldadinhos de chumbo em um quartel de brinquedo, que podem ser derretidos e transformados em outras coisas. Mesmo assim, eles aplaudem, pois não sabem fazer outra coisa.
É sempre muito difícil admitir que um ideal pelo qual se lutou uma vida inteira e que os líderes em quem se confiou desde sempre, corromperam-se, degeneraram-se, apodreceram. Aquilo contra o qual eles lutaram no passado, é hoje o seu único objetivo.
Mas é bem melhor abrir os olhos e admitir um erro do que ficar para sempre batendo na mesma tecla e repetindo as mesmas palavras vazias, como um velho gravador quebrado.