Textos
ControVERSOS
Dizia, olhava,
- Claro que queria!
O olhar queimava,
A boca vermelha,
Cereja molhada
Guardando seu mel
Na língua que ardia.
Movia a cintura,
Dançava, girava,
Cabelos ao vento,
Suor gotejava,
Amargo sorriso,
O riso amargava.
Fingia não ver,
Enxergar não queria!
A noite aguardava
À borda do dia
Um sonho, em promessa
Ao fim da tal festa...
E então, provocava,
Vulcão explodia!
Deitou-se, lasciva,
Na cama mal-feita,
Lânguida, desfeita,
A pele brilhando,
A boca pedindo,
O corpo aguardando
As mãos convidando...
E então, disse: "NÃO!"
Quebrou a magia,
Zombou do desejo
De quem lhe queria,
Despiu-se do fogo
Que lhe encendiava,
E logo, rogava
A quem lhe forçava:
"Me deixa sair,
Me deixa ir embora!"
Mas era um incêndio
O que ela causara,
E a água foi pouca,
Nem mesmo apagou
O fogo da cara,
Quiçá, o da fome
Que não saciara!
E a boca vermelha
Tornou-se borrada,
Os olhos que ardiam
Morreram de dor...
O corpo brilhante
Fechou-se ao amor,
Mais nada sobrou:
-Alquebrada alma
Sem paz e sem calma,
Que desmoronou!
A infância roubada
Nas mesas dos bares,
A crua vileza
Nascida dos ventres
Da indiferença;
A falsa inocência
Que nunca existiu,
Não chegou a ser,
Já nasceu mulher,
Nunca foi criança,
Não teve limites,
Não soube a esperança.
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Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 08/06/2016