Ah, Marcela,
Que sina é essa, a tua
De nascer assim tão bela!
Se ao menos fosses mais velha,
As tuas telhas de vidro
Não seriam apedrejadas
Por aquelas horrorosas
Pelancudas, mal-amadas,
Que atingem teu telhado
Mas que dormem ao relento,
Em vazio e frio leito
E nem mesmo tem um velho
Que acalme seus desejos!
Ah, Marcela,
Não queria ser você...
Se ao menos teu marido
Trouxesse, no peito a estrela,
A sigla daquele partido
Que nem vou dizer o nome!
Serias deixada em paz
Em teu carro reluzente,
Viajando até Paris
Em avião de puro ouro!
Terias bastante tempo
Para roubar o tesouro
Que pertence ao país!
Ah, Marcela,
Se ao menos fosses pobre,
E debaixo dos sovacos
Tivesses sebo e cabelos,
Se não fosses tão “do lar”
Mas pinguça de boteco,
Feia, fedida e vulgar,
Defecando nas calçadas,
Roubando os aposentados,
Retocando a maquiagem
Com pó-de-arroz importado!
Se o nariz fosse empinado
Te deixariam em paz!
Ah, Marcela,
Se tivesses um esquema
Como o da Petrobrás,
E teu único exercício
Para ficar bem ‘malhada’
Fosse o de dar pedaladas
Pelo Planalto Central,
Quem sabe, o tal estrupício
De bocarra escancarada
Abandonaria o vício
De matraca, e mantivesse
A boca suja fechada?
Ah, Marcela,
As velhas abrem as tramelas
Balançando as celulites,
Estalam suas artrites
Declarando em alto tom
Asco pelo teu marido
Por ter ele mais idade,
Mas elas bem que queriam
Um Leonardo Di Caprio,
Ou quem sabe, um Justin Bieber
Para sacudir as molas
Dos seus colchões já mofados!
Com certeza, adorariam,
(Mas só de pensar na chance
De dormir com tais barangas,
Eles já vomitariam!)
Ah, Marcela,
O que há com as mulheres
Que desfilam pelas pistas
Da cidade, e que se dizem
Militantes feministas,
Lutando pelas mulheres,
Mas tendo oportunidade,
Sua inveja elas destilam
E entre os dentes, sibilam
Sobre uma outra mulher
Cujo único pecado
-Além de ter se casado
Com um homem bem mais velho
-Foi ter nascido bonita?