A Morte Não Mata
A morte não afasta; até aproxima
Agora e para sempre, pelo pensamento
O que já está fora e o que ficou dentro,
E que pelo físico se afastaria.
A morte não mata o amor, nem o ódio,
Não se deixa de amar, ou se passa a amar...
Um foi, um ficou, mas se o laço ainda existe,
Não há recomeço, nem mesmo algum pódio.
A morte é apenas janela fechada,
Mas ainda há a casa, e o seu morador
Que guarda a saudade, ou todo o rancor
Daquele que passa por sua fachada.
A morte não mata; o morto não morre,
Pois a sua ausência ainda traz dor
(Quem sabe, alegria, se não houve amor)
Quem fica carrega consigo as lembranças.
Mas e quem se foi – lembrar-se há, ainda,
De quem adorou ou odiou nessa vida?
Eu creio que ‘sim’ é a certa resposta,
Não há mais a chave, mas ficou a porta.
"O amor não mata a morte, a morte não mata o amor. No fundo, entendem-se muito bem. Cada um deles explica o outro."
Jules Michelet