As cores da aquarela eram cores magoadas, Havia imensos nãos entre a palheta seca E as tintas aguadas. O pincel tocava as cores que dormiam, caladas, Entre as nervuras rachadas.
Não havia água.
O sonho e o desejo permaneciam mudos Sobre a tela branca que ninguém pintava. Quadros jaziam sobre as paredes nuas, O anseio dos olhos não passava pelos corações, Não transportavam as emoções caladas.
Havia um grito preso que queria ser, Havia a ansiedade de nascer... -Mas como, sem um berço, sem caminhos, sem estradas, Sem cores – só as telas brancas, que não traduziam A dor presa no ventre, que quase matava?