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FLORENÇA
Florença – ou Firenzzi, em italiano – é a capital da Toscana, uma das regiões mais lindas das quais já ouvi falar e tive o prazer de estar, mesmo que por alguns dias apenas. Chegamos lá de trem pela Trenitalia em uma manhã cinzenta e quase fria de sábado.
Assim que descemos do trem que tomamos em Sieci, uma cidadezinha na Toscana na qual passamos a noite, eu senti que a cidade tinha um clima maravilhoso, de muita harmonia. Estar em Florença me deixou feliz, e eu compreendi que se pudesse, moraria ali. Depois de Como, acho que Florença é a minha cidade favorita... ou será Veneza? Bem, difícil dizer!
Ao visitar um lugar, seja onde for, eu gosto de ficar algum tempo observando e sentindo os arredores. Não é muito algo físico, é uma atmosfera invisível que se harmoniza comigo ou não. E Florença me conquistou em alguns minutos apenas. Isso é incrível, pois já estive em cidades lindas nas quais não me senti bem, e não gostaria de visitá-las de novo.
Estávamos todos muito felizes e integrados. Ao todo, havia sete pessoas no nosso grupo naquele dia.
Andamos pelas ruazinhas estreitas e cheias de turistas, e fui fotografando tudo nos mínimos detalhes para poder me lembrar depois.
Adoro fotografar, e trouxe da viagem mais de duas mil e setecentas fotos – muitas repetidas, outras que não ficaram tão boas, e acabei apagando-as. Após o trabalho de seleção e edição, Sobraram duas mil e cinquenta.
Mas quando nós de repente viramos uma esquina e fomos parar em uma praça larga e iluminada pela luz do sol, com a Catedral de Florença - a Santa Maria Del Fiore - ao fundo, meu queixo literalmente caiu, e eu nem conseguia encontrar palavras para dizer o que estava sentindo: a Duomo é absurdamente linda!
Pesquisando depois da viagem, descobri que esta catedral foi, durante muito tempo, a maior do mundo, e que hoje ocupa a quarta posição. A planta foi desenhada em 1294, e o projeto foi concluído em 1496. Gente, isso é muito tempo... é muita história! A fachada foi demolida e reconstruída ao longo dos anos, e o prédio passou por várias modificações. Hoje, ela se encontra de pé para encantar e causar a admiração de milhares de turistas que a visitam todos os dias.
Uma das pessoas que estava comigo e mora na Itália, o Leo, me mostrou que ela é toda feita de mármore em vários tons de verde e branco. São tantos os detalhes na fachada, que os olhos se perdem. A fim de apreciá-la como se deve, acredito que eu teria que passar pelo menos três dias em volta dela, e dentro dela. Infelizmente, não tivemos este tempo todo, mas as poucas horas que passamos por lá valeram totalmente.
Tentei me aproximar das gigantescas portas de bronze da entrada, mas não estava nada fácil, pois quem conseguia chegar até elas, não arredava pé! Consegui algumas fotos de longe, onde ela surge entre várias cabeças de turistas tão curiosos e encantados quanto eu. Um dia, preciso voltar lá para poder respirar mais um pouco daquela atmosfera mágica de Florença.
Na feira do couro de Florença, comprei uma bolsinha que estou usando até hoje, e ela tem um lírio gravado no couro; o lírio é considerado um dos símbolos de Florença. Também trouxemos um pratinho com este mesmo lírio e o penduramos na parede da cozinha. Todo dia, enquanto tomo meu café, eu olho para ele e para as plaquinhas que trouxe de Milão e Verona, e o avental de San Gimigniano, e me lembro da viagem. Minha geladeira, que é cheia de ímãs que meus alunos e amigos trouxeram de viagens que fizeram, agora também tem lembranças de locais que pudemos conhecer. Finalmente!
Outra das coisas que me encantaram, foi a estátua de David, de Michelangelo. Aprendi que ela é o símbolo da vitória da democracia sobre a ditadura dos Médici. Sua construção começou em 1501 e terminou em 1504. Hoje ela se encontra na Palazzo della Signoria, que é a sede da governadoria de Florença, e perto dela estão outras estátuas cujas histórias não conheço, mas que me impressionaram muito pela beleza e força
que elas passam aos observadores.
É muito emocionante estar diante de monumentos e prédios que fizeram e fazem parte da história do mundo, que simbolizam mudanças, que representam a arte e a beleza. Qualquer pessoa que tenha um grau mínimo de sensibilidade, sairá transformado de lugares assim.
Já quase no final da viagem, ainda na feira do couro, vimos uma aglomeração de pessoas em volta de um javali de bronze, e logo descobrimos que a tradição diz que todos que tocam no javali, voltam a Florença. Bem, o que vocês acham que fizemos?
É claro que um dia como aquele só poderia ter terminado assim...
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 27/10/2017
Alterado em 27/10/2017