A Mãe Morta
Toda mãe é uma porta
Que nos lança neste mundo.
Mesmo aquela que abandona,
Mesmo aquela que aborta.
Esta última, é mãe torta,
Que desama antes de amar.
Mas toda mãe é uma porta
Uma flor de esperança.
Sorte de quem tem na mãe
A mão forte, a lhe guiar
Mesmo quando ela se impõe,
É dever de cada filho
Seu cuidado limitar!
E um dia, ela se vai,
(É a sina do viver)
Se a vida obedecer
A ordem de se acabar,
O tempo de se morrer...
A mãe morre, e fecha a porta;
Ficam os filhos perdidos
A relembrar a mãe morta,
Vazios dos seus sentidos,
Diante daquela porta
Que os trouxe a este mundo
Sem saber pra onde ir,
Esperando uma palavra...
Na garganta, engasgada
Uma oração que sai,
Vai, aos poucos, se erguendo,
Se entregando à ventania
Em busca daquela mãe
Que nos trouxe ao mundo, um dia.
Homenagem à Minha Mãe Morta, que faria aniversário no dia 01/05. A canção de fundo (só aparece no site do escritor) foi tocada no hospital onde ela estava internada, por um grupo de seresteiros. Ela estava semi-inconsciente, mas ao ouvir a música sendo tocada debaixo da janela do seu quarto, ela abriu os olhos.