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A SALA AMPLA
Havia uma sala ampla,
De grandes janelas que davam para um jardim
De muitas cores.
Alguém veio,
Trouxe cortinas grossas
E venezianas.
Havia uma sala ampla,
De pisos encerados e brilhosos,
Que espelhavam o céu
E os passos
De quem por ali passasse.
Alguém veio, e trouxe
Um grande tapete cor de mate.
Havia uma sala ampla,
De grandes portas abertas, que convidavam o sol
E os sons da música do vento
A entrar.
Alguém veio e trouxe uma tranca,
Um cadeado e uma corrente de ferro.
Havia uma sala ampla,
Onde se dançava livremente,
De pés descalços, em rodopios
Sobre o belo piso frio.
Alguém veio, e pôs mesa e cadeiras
Bem no meio do espaço.
Havia uma sala ampla,
Onde alguém costumava sentar-se em paz,
Em calma contemplação, como num sonho,
Sobre si mesmo, e o silêncio.
Alguém veio, e trouxe pessoas,
Vozes confusas, ordens difusas,
E ruídos medonhos.
Havia uma sala ampla,
E disso, eu hei de lembrar-me
Para todo sempre.
Porém, existe uma réplica desta mesma sala,
Que eu posso ver, ao fechar os olhos,
Quando a alma se cala.
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 05/04/2019
Alterado em 05/04/2019