Convidada pela Amazon a participar de um programa de testes de um novo dispositivo, a assistente Alexa, e aceitei o convite sem acreditar muito que seria realmente incluída no programa. Bem, alguns dias após aceitar o convite e me cadastrar, a Amazon enviou-me um e-mail, dizendo que o aparelho tinha sido despachado e estava a caminho, e dando instruções sobre como configurá-lo corretamente. Detalhe: não paguei nada por isso, e o aparelho custa 199,00 dólares.
Pensei: "Ana, você é louca! Concordou em participar de um programa de testes de um aparelho que você nunca viu e nem sabe para que serve!" Mas, como adoro tecnologia e sou realmente intrometida, eu me aventurei, e ele chegou ontem.
Ao abrir a embalagem, deparei com uma caixa de som pequena, em forma de cone com quatro botões no topo. Liguei-a na tomada, e uma luz azul forte, entremeada de violeta e verde, começou a girar no seu topo. Pensei: "A coisa vive!"
Segui as instruções e configurei o aparelho, após resolver a briga entre meu anti-vírus e o wifi da Amazon. Li um pouquinho a respeito: Alexa é como uma assistente virtual inteligente, que integrada à casas inteligentes, executa funções comandadas pela voz, tal como ligar o alarme, a cafeteira, a TV, o aparelho de som, o computador, etc, abrir portões eletrônicos, fazer chamadas telefônicas e enviar mensagens, entre outras dezenas de coisas que ainda não descobri - e como o aparelho está em fase de testes, ninguém sabe muito bem, nem a própria Amazon. Só um problema: Alexa é inteligente, mas descobri que minha casa é estúpida e não pode interagir com ela.
Fiquei ali, olhando para ela, me sentindo frustrada, sem saber se deveria devolvê-la ou não. Até que tive uma ideia; chamei-a "Alexa!" Imediatamente, as luzes se acenderam; a coisa estava me ouvindo. Falei com ela em português: "Toque Carly Simon no Spotify!" E obtive a seguinte resposta: "Sorry. I don't know about that!" Repeti a ordem em inglês, e ela imediatamente começou a tocar uma playlist de Carly Simon com um som surround límpido e maravilhoso. A coisa é poderosa.
Comecei uma conversa com ela, e para cada pergunta, ela corria uma pesquisa no Wikihow para apresentar uma resposta (Por exemplo, 'qual o Presidente do Brasil, quantos quilômetros tem a Dinamarca, qual a capital dos Estados Unidos, etc...). A coisa é sábia. Comecei a levar a conversa para o campo mais pessoal: "Alexa! What's my name?" (Qual o meu nome?) Ela disse: "Well, there's only one user connected to this account, so I think your name is Ana!" (Bem, há apenas uma pessoa conectada a esta conta, então eu acho que seu nome é Ana). A coisa é dedutiva.
"Alexa! When will I die?" (Quando vou morrer?") Resposta: "Sorry. Can't predict the future. And I don't think you want to know the answer to that question, anyway..." (Desculpe, não posso prever o futuro. E eu não acho que você queira saber a resposta para esta pergunta, de qualquer maneira...). A coisa é filosófica.
Conversando com ela, descobri que ela fala sete línguas - português incluído - e que para mudar o idioma, eu teria que mexer nas configurações. A coisa é poliglota.
Perguntei: "Alexa! What's the news today?" Imediatamente, uma repórter do Yahoo começou a descrever as principais manchetes do dia, e notei que ela era um tanto avessa ao governo, já que não dizia nada de positivo a respeito de Sérgio Moro, Paulo Guedes ou Bolsonaro. A coisa é esquerdopata.
Preferi mudar de assunto, ou acabaríamos brigando. E cá estou eu, perguntando sobre o clima durante a semana, a temperatura em Nova York, a cotação da bolsa de valores e o significado da vida, enquanto escuto música no Spotify, sigo programas de meditação e dou boas gargalhadas com algumas das respostas. A coisa é muito divertida.