Fotos: Igreja ao ar livre em Vale do Amor, em Petrópolis
O Tapa do Papa
Há alguns meses publiquei no Youtube um vídeo sobre quando os gurus perdem a cabeça. Quem estiver interessado em assistir, basta acessar meu canal por lá, o Espiritualidade na Lata, ou procurar o link aqui entre os meus textos.
Quando assisti ao momento em que o Papa retribuiu com um tapa o entusiasmo de uma de suas fiéis admiradoras, confesso que fiquei chocada, mas logo eu me lembrei do meu vídeo e de outros gurus que também perderam a cabeça em outras ocasiões - dos quais falo em meu vídeo. Fiquei com pena da mulher, pois tenho certeza que ela planejou aquela viagem durante meses, guardando dinheiro, comprando a passagem, esperando as férias chegarem, etc. Não sei dos motivos pelo qual ela agiu como agiu, agarrando o Papa pelo braço. Desespero, talvez?
Ao sentir-se tolhido em seus movimentos, sem nem olhar para ela direito,o pontífice puxou o braço com força, e desferindo um tapa na mão da mulher, nem tentou esconder o semblante enfurecido.
Uma cena estranha.
Sei que às vezes não medimos nossas reações à ações inesperadas, mas mesmo assim, acho que o Papa deveria estar preparado para lidar com o público com mais paciência, equilíbrio e consideração. Para acrescentar insulto à injúria, logo em seguida ele ainda falou contra a violência às mulheres. Uma ironia?
Na verdade, a maioria das pessoas anda sem paciência: para ler, para escrever, para esperar, para dialogar e interagir com as outras pessoas. Se alguma coisa nos incomoda, partimos logo para a ignorância. É como se o relógio da vida tivesse acelerado de repente, fazendo com que todo mundo quisesse tudo, e quisesse agora!
A árvore incomoda? Manda cortar! O texto é "longo demais? "Ah, não vou ler!" ! A opinião do outro incomoda? "Vou xingá-lo!" O ônibus está demorando? "Vou reclamar do motorista!" E todo mundo anda agindo sem pensar, sem refletir, baseados naquilo que faria com que suas insatisfações momentâneas fossem resolvidas de uma vez - mesmo que isso prejudique alguém.
Falta tempo para pensar antes de agir. Mas sobra tempo para dedicar a coisas que não trazem nenhum retorno ou crescimento. Tempo esse que é jogado fora no exercício da superficialidade.