Arrumar a estante é uma atividade que reservo para fazer como única atividade de um dia. Porque arrumar uma estante leva tempo! É como revisitar velhos amigos, escutar velhas histórias e acessar aprendizados que já tinham sido esquecidos.
A gente abre um livro que já leu, e ao reler as passagens, reencontra personagens que a gente aprendeu a gostar. E se eles morrem no final, é só voltar ao começo da leitura, aonde eles ainda estão vivos! Como quando li O Vermelho e o Negro, de Stendhal; chorei com a morte de Julien Sorel. Confesso que custei a me recuperar da sua morte violenta! Finalmente, após ler o livro pelo menos quatro vezes, acabei me despedindo dele (e de pilhas e mais pilhas vários outros) ao fazer uma doação para uma feira de livros que arrecada dinheiro para um hospital oncológico em Petrópolis. Despedir-me para sempre de Sorel também não foi nada fácil... mas sei que posso reencontrá-lo a qualquer momento, em edições extraordinárias.
Ante-ontem, descobri que existem livros na minha estante que comprei em um período no qual estive muito ocupada, e por isso, esqueci-me da existência deles. Nem sequer os li ainda! Foi como quando a gente encontra no bolso de um casaco que não usa há muito tempo uma nota de cem reais: um acontecimento feliz e inesperado!
Agora, nesse finalzinho de janeiro e no começo de fevereiro (épocas em que o ano ainda não começou para muitos, e por isso, trabalho poucas horas por dia) intercalarei meus estudos de tarô, os filmes na Netflix e a leitura desses livros.