Noite de ano novo; eu e minha irmã éramos ainda adolescentes. Após a festa da passagem do ano, os adultos da casa já tinham ido dormir, mas eu e minha irmã estávamos no quintal ouvindo música e conversando. Tinha havido um churrasco, e as brasas da churrasqueira esquentavam o frio da madrugada. De repente, escutamos passos na lateral da casa; um de nossos colegas de infância, um menino que crescera conosco no bairro, estava chegando. Ele se juntou a nós, e ficamos por lá, vendo o show de estrelas que brilhavam no céu e fazendo planos para o futuro.
A vida parecia cheia de oportunidades. Jogávamos ideias no ar, como quem não se preocupa com obstáculos e não conhece barreiras. Não sabíamos ainda o que a vida esperava de cada um de nós, e só pensávamos naquilo que queríamos tirar da vida.
Aquele amigo juntou-se às estrelas apenas alguns anos depois. Nossos sonhos e objetivos? Mudaram; tiveram que se adaptar à realidade das coisas. Mas ficou aquela noite de ano novo, ficaram as lembranças, ficaram as estrelas – embora saibamos que muitas das que ainda brilham já nem fazem mais parte do céu.