ventania
Voam os telhados dos casebres
Deixando nus os meninos adormecidos.
Caem árvores enormes,
Tombam, simplesmente: aceitam seus destinos.
Em desatino, gira a ventania,
Carrega consigo o que estiver no caminho:
Os vasos de barro arrumados sobre o muro,
As calhas e as telhas,
As folhas secas (e algumas verdes),
As roupas indefesas que secavam no varal,
Tão calmamente, hoje cedo...
As sementes que aguardavam serem plantadas,
As cortinas das casas.
E a natureza apenas faz o que é preciso,
Não julga, nem tem ressentimento;
Leva com o vento o que tem que ser levado.
De tudo o que é velho, nos destitui
Para que ela possa
Continuar.