ARAME FARPADO
Uma alma presa em vil armadilha,
As saias das vestes em frangalhos.
O vento fustigando a gaze,
A lama maculando a brancura.
-Haja resiliência para atravessar
Esse campo lamacento de loucura!
Um sol púrpura fustiga
Uma paisagem nua e obscura.
Pousado numa árvore há muito ressecada,
A ave de rapina aguarda o último suspiro,
Bico e patas afiadas.
A paisagem desértica, vazia de vida,
Quer, a todo custo, possuir a alma.
Porém, ela se ergue,
Recolhe as saias sujas e rasgadas,
E parte resoluta em uma nova jornada.
-Não será dessa vez, ave desgraçada!
Que a tua fome te consuma!
Que teu esqueleto permaneça, qual um estandarte,
Para sempre nesse deserto
A morrer de fome, à beira dessa estrada!