PINHEIROS

Da minha varanda, desde que viemos morar aqui nesta casa, nós costumávamos avistar quatro pinheiros, enfileirados ao longo do muro da casa vizinha. Eram daquela espécie agulha, que parece uma árvore de Natal. Às vezes, eu costumava ir lá na calçada a fim de pegar no chão as pinhas que caíam - ainda tenho algumas delas enfeitando a área da minha lareira.

Eu amava chegar da janela ou da varanda e olhar naquela direção. 

Mais ou menos uma semana depois que a minha cachorrinha morreu, eu e meu marido estávamos na varanda, e eu comentei com ele sobre a beleza daqueles pinheiros, do quanto eu adorava olhar para eles. Também disse que gostaria de ter um daqueles no meu quintal - mas já há tantas árvores aqui, que já não cabe mais nenhuma.

Bem, ante-ontem escutei ruídos de motosserra e de facões cortando galhos. Um a um, os pinheiros foram sendo cruelmente derrubados. Fico pensando como alguém tem coragem de destruir, sem qualquer motivo, árvores tão lindas, já que o terreno é bem grande e eles estavam muito longe da área residencial. Agora, quando olho naquela direção, tudo o que vejo são telhados e casas. A paisagem ficou nua e sem graça. E acredito que, já que estamos na época de acasalamento, alguns ninhos de passarinhos foram derrubados junto com eles.

Aos poucos, a paisagem em volta de mim vai ficando com mais telhados e menos árvores.

Logo será verão. As temperaturas do planeta estão aumentando. Todo mundo fala que é por causa do desmatamento da Amazônia, mas na verdade, não se importam tanto assim com o planeta, já que sempre que existe a possibilidade, cortam as árvores que estão próximas a eles, ao invés de tentarem integrá-las às suas construções.

Passeando na rua com meu cão, vi os pedaços de troncos sendo colocados em um caminhão, ainda escorrendo seiva.

Talvez eu esteja ficando sensível demais.