O ALGODÃO DA MINHA VOZ
O algodão da minha voz
Que guardava as palavras em silêncio
Na caixa fechada
Sem deixar que elas se chocassem
Umas contra as outras
Causando incêndios,
Embebeu-se de álcool
Que um fogo desatento
Queimou.
Por isso, a minha voz hoje se ergue
De dentro da caixa onde as palavras chacoalham,
Por isso eu faço tanto barulho
E eu não consigo mais falar baixo,
Então, quando eu posso,
Eu me calo.